Quando se fala em tratamento para câncer, quimioterapia costuma ser a primeira palavra que vem à cabeça. Esta, porém, não é a única alternativa terapêutica. A definição do melhor plano de tratamento depende do estadiamento da doença, do estado geral do paciente e até da composição do tumor.
Quando se fala em tratamento de câncer, não é possível eleger um de seus tipos como mais eficaz. Há centenas de tipos de câncer que variam de acordo com a agressividade, respostas às terapias indicadas, etc.
Por isso, quando o paciente é diagnosticado com câncer, ele tem sua doença cuidadosamente analisada para a criação de um plano individualizado. Nesta etapa, observa-se também as características do tumor, seu estadiamento, a presença ou ausência de metástases, a localização do câncer, a possibilidade de operá-lo e o estado geral de saúde do paciente.
O tratamento do câncer tem duração extremamente variável. Assim como a terapia muda de acordo com o caso, o tempo do tratamento também vai ser influenciado pela resposta do organismo.
Em boa parte dos casos de câncer, operar o paciente pode ser uma das primeiras medidas tomadas. Isso ocorre especialmente quando a doença está localizada em apenas uma parte do corpo e a operação oferece mais vantagens do que riscos ao quadro do paciente.
Geralmente, o objetivo da cirurgia é remover o máximo possível do tumor. Às vezes, é possível removê-lo por completo, enquanto em outros a cirurgia serve para remover apenas partes dele, de forma a diminuir seu tamanho e o comprometimento de estruturas próximas.
Há casos de câncer em que a cirurgia é o único tratamento necessário, mas ela é geralmente combinada a outras modalidades.
A cirurgia também pode estar presente em tratamentos paliativos para câncer, em que, apesar de a doença em si não ser tratada, ferramentas são usadas para garantir o bem-estar do paciente que convive com ela. Além disso, cirurgias preventivas e reconstrutivas também são uma realidade em alguns casos.
A quimioterapia é um tipo de tratamento que, com medicamentos administrados por via oral ou endovenosa, ataca as células cancerígenas. Nem todos os medicamentos disponíveis para uso na quimioterapia trabalham da mesma forma, portanto seus efeitos colaterais e sua porcentagem de sucesso variam de caso a caso.
Enquanto a cirurgia tem um foco específico, a quimioterapia é um tratamento sistêmico. Isso significa que os medicamentos agem contra as células do câncer mesmo quando elas não estão concentradas em um local, mas sim disseminadas pelo corpo.
A quimioterapia pode ser usada para curar, controlar ou ajudar no bem-estar do paciente com câncer. No primeiro caso, ela leva o câncer à remissão, momento em que a doença não é mais identificada no corpo. No segundo, a cura não é possível, mas a quimioterapia pode ser usada como forma de manter a doença sob controle, reduzindo o tamanho de tumores ou impedindo que eles cresçam, garantindo maior sobrevida.
Já no terceiro caso, a quimioterapia é utilizada em um contexto de cuidados paliativos para tratar os sintomas causados pelo câncer quando a doença está em um estágio avançado e não pode ser controlada. Aqui, o objetivo é proporcionar qualidade de vida ao paciente, diminuindo, por exemplo, dores causadas por um tumor muito grande.
Em alguns quadros, a quimioterapia (que é administrada em ciclos com aplicações espaçadas) pode ser o único tratamento necessário para curar um câncer.
Quanto a efeitos colaterais, os mais comuns tendem a ser queda de cabelo, indisposição, fraqueza e náuseas.
O câncer também pode ser tratado com radiação e o nome do tratamento que se baseia nisso é radioterapia. Aqui, o paciente é submetido a feixes de radiação que danificam progressivamente o DNA das células. Isso faz com que as células cancerígenas morram. Em geral, células saudáveis que estão próximas também podem ser prejudicadas, mas, geralmente, recuperam-se com o tempo.
Ao contrário da quimioterapia, a radioterapia tende a ser um tratamento localizado. Em geral, ele é utilizado diretamente na parte do corpo onde o tumor está – e há um planejamento cuidadoso para que se danifique o mínimo possível de células saudáveis.
Mais da metade dos pacientes de câncer faz radioterapia e há casos em que esta é a única modalidade de tratamento necessária para curar um câncer. A radioterapia tem como objetivo eliminar o câncer, mas também pode ser usada para diminuir um tumor que é muito grande para ser operado, por exemplo.
Quanto aos efeitos colaterais, a radioterapia pode prejudicar a fertilidade (dependendo da área em que for aplicada) e causar fadiga, alterações na pele e queda de cabelo quando feita na cabeça. Em alguns casos, o paciente pode ter efeitos colaterais a longo prazo devido a danos ocorridos em tecidos saudáveis do corpo.
Disponível em uma série de formas diferentes, a imunoterapia utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer. Aqui, geralmente são administrados medicamentos que ajudam o sistema imunológico a reconhecer e eliminar as células cancerígenas. Além disso, é possível utilizar inclusive vírus modificados em laboratório para infectar e matar células do câncer.
A imunoterapia pode funcionar sozinha contra alguns tipos de câncer, mas há casos em que ela é combinada a outro tratamento. Em geral, a imunoterapia tem menos efeitos colaterais que as demais modalidades, mas, quando aparecem, podem incluir fadiga, coceira, manchas na pele e alterações intestinais.
Células cancerígenas têm características que as diferenciam de células normais. Estudando tais diferenças, foi possível desenvolver a terapia alvo, que usa certos medicamentos capazes de identificar as especificidades das células cancerígenas e contê-las sem gerar danos a células saudáveis.
Atualmente, há poucos tipos de câncer que são tratados com estes medicamentos, e a maior parte das pessoas que se tratam com terapia-alvo também podem precisar de outra modalidade de tratamento.
Os efeitos colaterais desta terapia variam, mas é possível haver queda de cabelos (em menor intensidade do que na quimioterapia convencional), náuseas, fadiga e alterações de pele.
O transplante de medula óssea é uma opção para o tratamento de doenças relacionadas ao sangue. É o caso, por exemplo, das leucemias e dos linfomas.
Neste tratamento, a medula óssea, tecido encontrado no interior dos ossos e que atua na produção de componentes do sangue, é substituída. No transplante, a medula doente é trocada por uma que produz células normais.
Este transplante pode ocorrer a partir de células do próprio paciente (transplante autogênico), de um doador (alogênico) ou células precursoras da medula, que podem ser retiradas do sangue de um doador ou do sangue contido em um cordão umbilical. Assim, o transplante de medula exige que haja compatibilidade entre o paciente e seu doador.
Ao realizar este tratamento, o paciente passa por um procedimento em que são realizadas múltiplas punções em determinados ossos para aspiração da medula. Ele então é submetido a um tratamento que tem como objetivo atacar as células doentes e destruir a própria medula.
Na sequência, o paciente recebe a nova medula em um procedimento semelhante à transfusão de sangue. A partir disso, as células que entraram na corrente sanguínea se alojam na medula e reconstroem o que foi destruído.
Neste tipo de transplante, a rejeição é rara, mas pode ocorrer. Em alguns casos, as novas células podem também reconhecer o corpo como algo estranho – complicação que tende a ser controlada com medicamentos.
O tratamento hormonal para câncer se baseia no fato de que, em alguns casos, o câncer depende de certos hormônios para crescer e se desenvolver. Sendo assim, tratamentos que bloqueiam ou alteram os hormônios no corpo podem reduzir ou frear o crescimento de um tumor.
A terapia hormonal tende a ser mais usada contra certos tipos de câncer de mama e de próstata, dois tipos da doença que, em geral, dependem de hormônios para seguir seu curso. Assim como a quimioterapia, este é um tratamento sistêmico já que os medicamentos circulam por todo o corpo. Em alguns casos, porém, ela pode envolver medidas locais, como a remoção de órgãos responsáveis pela produção de um hormônio.
Os efeitos colaterais relacionados à terapia hormonal incluem fogachos (os “calorões” da menopausa), queda na libido, disfunção erétil, perda de massa óssea, fadiga, ganho de peso, problemas de memória, náuseas, entre outros. Para a maior parte destes efeitos, é possível buscar conforto ao paciente por meio de medicações.
O conjugado anticorpo-fármaco (ADC) é o uso de anticorpos aliados a medicamentos (como quimioterápicos). Estes anticorpos se ligam às células cancerosas, são absorvidos por elas e liberam, ali, a droga, preservando células saudáveis. Desta forma, o tratamento tende a ser mais direcionado e menos prejudicial para o organismo de forma geral.
Este tipo de terapia usa anticorpos específicos relacionados ao tipo de câncer que será tratado, bem como drogas mais potentes que as usadas de maneira sistêmica. Atualmente, há alguns tipos de ADC em uso, e eles são úteis contra, por exemplo, linfoma de Hodgkin, linfoma anaplásico de grandes células, leucemia linfoblástica aguda de células B, leucemia mieloide aguda, câncer de mama, entre outros.
Ainda que ofereça menos riscos que outras modalidades às células saudáveis, porém, o tratamento com anticorpos conjugados a drogas pode gerar efeitos colaterais. É possível, por exemplo, que parte da droga seja liberada pelos anticorpos na corrente sanguínea antes que eles alcancem as células cancerosas. Assim, pode haver alterações no sangue (plaquetas baixas, queda na contagem de glóbulos vermelhos e brancos, etc), neuropatia periférica, alterações de visão e mais. Por isso, a avaliação risco-benefício deve ser realizada a cada paciente.
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