
Quando o câncer de mama não precisa de quimioterapia? A revolução dos testes genômicos
A palavra “quimioterapia” ainda gera medo em muitas mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Por muitos anos, esse tratamento foi a principal estratégia para reduzir o risco de recorrência da doença. Hoje, graças aos avanços da medicina personalizada, sabemos que nem todas as pacientes precisam da quimioterapia.
Os testes genômicos são a chave dessa revolução. Eles analisam o perfil genético do tumor e permitem prever com mais precisão qual o melhor tratamento para cada caso. Essa mudança evita tratamentos desnecessários e oferece mais qualidade de vida.
O que são os testes genômicos?
Os testes genômicos são exames realizados diretamente no DNA do tumor, e não no DNA da paciente. Eles avaliam a atividade de dezenas de genes relacionados ao crescimento do câncer de mama, permitindo entender o comportamento específico daquele tumor. Entre os mais conhecidos estão o Oncotype DX, o MammaPrint e o EndoPredict.
Esses testes fornecem um “score de risco”, que auxilia o oncologista a decidir se a paciente terá real benefício com a quimioterapia ou se pode evitá-la com segurança, sem comprometer a eficácia do tratamento. Essa abordagem difere dos painéis germinativos, que analisam mutações herdadas da paciente e já foram explicados em outro conteúdo aqui no blog.
Quem pode se beneficiar desses testes?
Os testes genômicos são indicados principalmente para mulheres com:
- Câncer de mama inicial, hormônio-dependente (HR+);
- HER2 negativo;
- Quadros sem comprometimento extenso dos linfonodos (ou poucos linfonodos positivos, dependendo do teste).
Nessas situações, o exame pode mudar completamente a recomendação terapêutica, evitando a quimioterapia em muitos casos.
O impacto dos estudos internacionais
Estudos clínicos robustos, como o TAILORx e o MINDACT, demonstraram que milhares de mulheres com risco intermediário* não precisaram de quimioterapia sem prejudicar os resultados oncológicos.
Esses trabalhos, publicados em revistas de referência como o New England Journal of Medicine, consolidaram os testes genômicos como parte da prática clínica moderna em oncologia.
*Se você tem dúvidas sobre a definição de grau de risco do seu caso e de quem se enquadra neste cenário, entre em contato com o médico responsável pelo seu tratamento para entender melhor.
Benefícios para a paciente
A grande vantagem dessa abordagem é oferecer um tratamento mais individualizado e menos tóxico. Entre os benefícios estão:
- Evitar efeitos colaterais da quimioterapia (queda de cabelo, náuseas, fadiga, neuropatia);
- Preservar a fertilidade em mulheres jovens;
- Reduzir o risco de complicações a longo prazo, como problemas cardíacos;
- Manter a eficácia oncológica, com resultados semelhantes em sobrevida e controle da doença.
O futuro da oncologia personalizada
A incorporação dos testes genômicos representa um passo fundamental para a oncologia de precisão. Cada vez mais, o tratamento do câncer de mama deixa de ser padronizado para se tornar único, adaptado às necessidades de cada paciente.
Discutir com um oncologista especialista em mama a indicação desses exames é essencial. Em centros de referência, como o Einstein Hospital Israelita, essas ferramentas já fazem parte do manejo moderno do câncer de mama.
Receber a notícia de que a quimioterapia pode não ser necessária é um alívio enorme. Mas é muito importante contar com a segurança de que essa decisão foi baseada em evidências científicas sólidas.
Se você recebeu um diagnóstico de câncer de mama, agende uma consulta. Conversar sobre a possibilidade de realizar testes genômicos pode mudar completamente a condução do seu tratamento.
FAQs – Perguntas Frequentes
Não. Esses exames são recomendados principalmente para tumores iniciais, hormônio-dependentes, HER2 negativos e com comprometimento linfonodal limitado. Casos avançados ou metastáticos não têm indicação da realização desses testes comentados acima, entretanto, outros testes somáticos podem ser realizados, aplicando o mesmo conceito de personalização do tratamento por meio da oncologia de precisão.
Sim. O Oncotype DX, o MammaPrint e o EndoPredict podem ser solicitados por oncologistas no Brasil. O custo ainda é elevado, mas muitos planos de saúde já têm garantido o acesso.
Em geral, não. Porém, a decisão final sempre deve ser individualizada, considerando fatores como idade, histórico familiar e outros aspectos clínicos. O teste genômico é uma ferramenta que orienta, mas não substitui a avaliação médica.