Como preservar a fertilidade após a descoberta de um câncer de mama
Em casos de câncer de mama, tratamentos como quimioterapia, imunoterapia e terapia hormonal são opções frequentemente utilizadas. Nesses casos, é fundamental discutir planos relacionados à maternidade com o médico oncologista responsável pelo caso, visto que esses tratamentos frequentemente impactam na fertilidade dos pacientes, sejam eles mulheres ou homens.
Saiba como preservar a fertilidade em casos de câncer de mama, aumentando a possibilidade de ter filhos após o tratamento:
Quem tem câncer de mama pode ter filhos?
Após o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama, muitas mulheres conseguem engravidar naturalmente. Quando a paciente é fértil antes do tratamento, é possível que os ciclos hormonais sejam retomados ao que eram originalmente, proporcionando boas chances de ocorrer uma gravidez.
Em geral, médicos oncologistas costumam pedir que a mulher espere de seis meses a dois anos após o tratamento para tentar engravidar. Isso porque o período de seis meses minimiza as chances do óvulo fecundado ter defeitos decorrentes do tratamento de câncer, enquanto o período de dois anos minimiza as chances de que a mulher terá uma recidiva da doença durante a gravidez ou no puerpério.
Não é possível, porém, prever as chances, visto que elas dependem do tipo de tratamento utilizado, da agressividade do câncer (que impacta o prognóstico), da idade em que a paciente está quando a doença é diagnosticada, entre outros fatores.
Mais da metade dos cânceres de mama têm células com receptores hormonais. Isso significa que em boa parte dos casos da doença, pacientes serão submetidos a terapia hormonal, que pode inclusive se estender por um período de cinco a dez anos após o diagnóstico.
Nesses casos, a fertilidade da paciente pode ser impactada pelo bloqueio hormonal realizado pelos medicamentos – e, em alguns casos, é possível que a paciente não seja mais capaz de engravidar naturalmente após o tratamento.
É preciso pontuar ainda que, como homens também podem ser diagnosticados com câncer de mama e terem a indicação de passar pelas mesmas etapas de tratamento que uma paciente do sexo feminino passaria, eles também podem ter a fertilidade impactada.
Como preservar a fertilidade após descobrir um câncer de mama?
Como o tratamento do câncer de mama pode impactar a fertilidade do paciente, é importante que tanto homens quanto mulheres que querem ter filhos após o tratamento, se houver indicação, recorram a técnicas para preservar a fertilidade.
Veja a seguir tópicos que pacientes com o desejo de preservar a fertilidade após o câncer de mama precisam saber antes de iniciar o tratamento:
Discuta a questão com o oncologista de câncer de mama
É essencial que médicos discutam todos os possíveis impactos do tratamento de câncer com os pacientes. Em alguns casos, porém, o tópico da fertilidade pode ser deixado de lado – e, por isso, é importante que o paciente questione os especialistas sobre isso, manifestando os desejos relacionados à maternidade e à paternidade.
Diante disso, é possível que médicos sugiram formas de preservar a fertilidade, optem por terapias mais adequadas e acompanhem mais de perto as consequências do tratamento na capacidade reprodutiva do paciente.
Técnicas para preservar a fertilidade
Atualmente, as formas mais utilizadas de se preservar a fertilidade e aumentar as chances de um paciente ter filhos após o tratamento de câncer são:
- Congelamento de óvulos: os óvulos são coletados e posteriormente congelados para uso futuro. Nesses casos, é possível acompanhar a ovulação da mulher ou estimulá-la para colher uma quantidade maior de óvulos.
- Fertilização in Vitro (FIV): nesse caso, a mulher passa por um processo em que óvulos são coletados e fecundados em laboratório para que se tornem embriões. Esses embriões são então congelados para que possam ser implantados no útero quando for viável, podendo dar início a uma gestação. Para coletar os óvulos, é possível aproveitar o ciclo natural da mulher, ou usar terapia hormonal para incentivar a ovulação. Os óvulos coletados também podem ser congelados antes da fecundação, sendo feita a fertilização posteriormente.
- Congelamento do tecido ovariano: menos comum, mas ainda possível, essa técnica extrai tecido ovariano a partir de um procedimento cirúrgico minimamente invasivo e o congela. Futuramente, caso a mulher queira engravidar, o tecido germinativo é re-implantado – e, por não ter sido afetado pela quimioterapia, ele ajuda a ter uma produção de óvulos saudáveis.
- Congelamento de esperma: caso o paciente de câncer de mama seja homem e ele só queira ter filhos no futuro, é possível congelar esperma e utilizá-lo na fertilização de óvulos no momento desejado.
- Controle da agressividade do tratamento e seu consequente impacto na fertilidade: a depender do tipo de câncer e do estadiamento da doença, é possível que a paciente tenha uma gama maior de tratamentos à disposição. Ciente de que a paciente quer ter filhos no futuro, o médico oncologista pode optar por um tratamento que tenha menor impacto na fertilidade – caso, é claro, isso seja viável do ponto de vista clínico.
Preservação da fertilidade: prós e contras
Apesar de haver técnicas que aumentam as chances de ter uma gravidez após o câncer de mama, é preciso pesar as vantagens e desvantagens do processo. Isso porque, caso a paciente opte por congelar óvulos ou embriões, é preciso adiar o início do tratamento por um período que pode ser longo demais a depender da agressividade e do estadiamento da doença.
Nesses casos, é fundamental que a conversa entre o paciente e o médico oncologista seja franca, visando equilibrar os desejos do paciente e as necessidades impostas pela doença.
Caso seja impossível não comprometer a fertilidade ou preservá-la, o paciente pode se beneficiar de atendimento psicológico para lidar com o luto relacionado à questão, bem como aconselhamento sobre outras possibilidades.
Se a mulher ainda puder gerar um bebê, mas não produzir mais óvulos, pode ser possível recorrer à doação de embriões. Nesse processo, um embrião já formado em laboratório com um óvulo e um espermatozoide de outro par é implantado após um tratamento hormonal que prepara o corpo para recebê-lo.
Além disso, é preciso considerar também o custo dos tratamentos de preservação da fertilidade. A Fertilização in Vitro, por exemplo, não é um procedimento que planos de saúde são obrigados a cobrir, e é raro conseguir realizar esse tratamento de forma gratuita pela rede pública. A criopreservação de óvulos e esperma também é cobrada – e, sendo assim, as finanças também precisam ser cuidadosamente avaliadas pelo paciente.