
Como a medicina de precisão transforma o cuidado com o câncer de mama
A medicina de precisão no câncer de mama é um verdadeiro ponto de virada na oncologia. Isso porque essa abordagem permite um tratamento personalizado para câncer ao se basear em características tanto do tumor quanto do paciente. Essa abordagem difere da tradicional, em que se utilizam tratamentos do tipo “tamanho único”.
Entenda abaixo mais detalhes de como a oncologia de precisão revoluciona o tratamento de câncer, especificamente o de mama:
Medicina de precisão no câncer de mama: o que é?
Desde o início dos estudos sobre o câncer, muita coisa mudou. Décadas atrás, a única “saída” para o câncer de mama era retirar totalmente o seio – algo que nem sempre resolvia o problema a longo prazo. Com o tempo, surgiram tratamentos sistêmicos como a quimioterapia que, em geral, ataca células de rápida multiplicação (incluindo boa parte das células saudáveis, não relacionadas com o câncer).
Hoje, há diversos tipos de quimioterapias, protocolos de radioterapia e outros tratamentos para o câncer – bem como algo revolucionário: a medicina de precisão. Antes, não se sabia que dois cânceres de mama poderiam ter características totalmente diferentes um do outro, e é justamente nisso que a oncologia de precisão se baseia.
Esse ramo da oncologia busca entender as alterações específicas de um tumor, como mutações, amplificação de genes, características moleculares e mais, cruzando-as com o perfil genético do paciente. Isso pode prever, por exemplo, se uma pessoa responderá bem ou mal ao tratamento normalmente usado para o tipo de câncer que ela tem.
Dessa forma, é possível definir um tratamento personalizado para câncer, que ataca diretamente as fragilidades da doença ao mesmo tempo em que preserva tecidos saudáveis. Tudo isso não só torna o tratamento mais confortável para o paciente como também maximiza as chances de ele ter sucesso na cura da doença.
No câncer de mama, a oncologia de precisão ajuda, por exemplo, a:
- Identificar mutações genéticas ligadas ao surgimento da doença (como BRCA 1 e 2), oferecendo abordagens preventivas ou terapias-alvo específicas;
- Usar a expressão de determinados genes para escolher entre hormonioterapia, imunoterapia ou inibidores moleculares;
- Acompanhar o tumor com biópsia líquida, detectando mutações que podem aparecer no meio do caminho e adaptando rapidamente o tratamento para contê-las.
Aplicações da medicina de precisão no câncer de mama
Entre as técnicas mais utilizadas na medicina de precisão quando o assunto é câncer de mama, é possível citar, por exemplo:
Testes genômicos para câncer de mama
Algumas técnicas permitem analisar dezenas de genes para estimar o risco de recidiva de um câncer. Isso ajuda a definir quem realmente se beneficia da quimioterapia, e quem se beneficia mais de outros tratamentos. Esse entendimento permite alternativas à quimioterapia e seus impactos sistêmicos.
Terapias-alvo e imunoterapia
Tumores que expressam certas características podem ser combatidos de forma inovadora. Isso porque alguns remédios utilizam essas características específicas como “alvos” para entregar o tratamento de forma mais efetiva e menos danosa para o corpo. Além disso, em alguns tipos de câncer, é mais vantajoso trabalhar o sistema imunológico para que ele mesmo ataque mais efetivamente a doença.
Biópsia líquida
Há, hoje, testes de DNA tumoral circulante (ctDNA) para pacientes com câncer de mama avançado. Isso permite que, mesmo sem uma nova avaliação do tumor em detalhe, se identifique as chamadas mutações emergentes. Dessa forma, é possível mudar o curso de ação mais rapidamente, entrando com drogas específicas e aumentando a expectativa de vida da paciente.
Benefícios da medicina de precisão em casos de câncer de mama
Adotar técnicas de precisão no cuidado com pessoas que têm câncer de mama traz uma série de benefícios. Entre eles, é possível citar:
Redução da aplicação de tratamentos desnecessários
Avaliação genética do tumor pode evitar, por exemplo, que pacientes com prognóstico favorável sem uso de quimioterapia passem de maneira desnecessária por esse tipo de tratamento.
Respostas mais rápidas e eficazes
Terapias específicas podem ter mais facilidade de controlar a doença, além de fazer efeito a longo prazo. Isso, por sua vez, melhora o bem-estar da paciente e aumenta sua sobrevida.
Adaptação contínua ao longo do tratamento
Certos exames, como a biópsia líquida, permitem que se detecte mutações que, se não descobertas cedo, pegariam os médicos “de surpresa” com a piora da resposta ao tratamento. Dessa forma, é possível personalizar mais e mais o tratamento, trocando de terapia para minimizar o impacto da doença.
Redução de custos
Como muitas vezes a medicina de precisão ajuda a escolher os tratamentos mais promissores e descartar aqueles que não teriam serventia, é possível que exista uma redução de custos para o sistema de saúde.
Quem pode se beneficiar da oncologia de precisão
Indica-se buscar um oncologista especialista em medicina de precisão em situações como:
- O tratamento de câncer utilizado já falhou anteriormente;
- Existe histórico familiar de câncer;
- O diagnóstico demonstra um tumor com características incomuns.
Se você busca uma médica oncologista especializada em câncer de mama e medicina de precisão, entre em contato e agende a sua consulta.
Mais sobre medicina de precisão
Testes como o Oncotype DX e o MammaPrint avaliam a expressão de vários genes no tumor e, assim, ajudam a decidir se há ou não indicação para quimioterapia. Além disso, a análise de genes hereditários e farmacogenômica também são essenciais para entender a melhor abordagem ao tratar determinado tipo de câncer.
Embora ainda seja algo inicial, a medicina de precisão está sendo gradualmente disponibilizada no Sistema Único de Saúde. A maior parte dos testes utilizados nesse ramo da oncologia ainda são mais comuns pela rede privada e em centros de pesquisa. O que atualmente está sendo cada vez mais usado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) ou mesmo em protocolos de pesquisa é o teste genético para identificar cânceres hereditários.
Nem sempre. Tumores como o triplo-negativo (cânceres que não têm nenhum receptor hormonal e também não expressam a proteína HER2) têm menos opções de terapias-alvo. Já tumores com receptores hormonais e que têm a proteína HER2 têm uma capacidade maior de terapias específicas e, por isso, se beneficiam mais da medicina de precisão.