
Sobrepeso é fator de risco para câncer de mama e prejudica o prognóstico
Assim como o câncer de mama, a obesidade é uma patologia que atinge milhões de pessoas no mundo todo. O que muitos não sabem é que câncer de mama e obesidade têm uma relação bastante negativa. Além do sobrepeso ser um fator de risco para o surgimento desse e outros cânceres, ele ainda atrapalha no prognóstico.
Entenda abaixo a relação da obesidade com o câncer de mama e a importância do controle de peso.
Qual a relação da obesidade com o câncer?
Obesidade e câncer têm uma relação pouco conhecida por pacientes. A obesidade gera um alto nível de inflamação no corpo, além de outros desequilíbrios. Por isso, as chances de uma pessoa obesa ter câncer – e falecer pela doença – são maiores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados mais recentes apontam que 890 milhões de adultos e 160 milhões de crianças convivem com obesidade.
Diante do sobrepeso, o sistema imunológico encara o excesso de gordura como algo a ser combatido. Isso gera um estado de inflamação crônica no qual células saudáveis do corpo podem ser atacadas. Todo esse processo contribui com uma mudança no comportamento das células, como multiplicação e crescimento desordenados. Este ambiente favorece o desenvolvimento de tumores.
Outras alterações sistêmicas causadas pela obesidade, são:
- Aumento da secreção de insulina;
- Elevação dos níveis de hormônios sexuais como estrogênio;
- Alteração da microbiota intestinal.
Sendo assim, a obesidade é um fator de risco para câncer de mama – mas faz parte da lista dos modificáveis. Isso torna o controle de peso e o combate à obesidade duas estratégias importantes na prevenção do câncer.
Peso da obesidade no câncer de mama
Além de aumentar os riscos de desenvolver a doença, a obesidade também é apontada como um obstáculo para o tratamento. O quimioterápico taxano, por exemplo, é lipofílico. Ou seja, a gordura do corpo acaba absorvendo boa parte da droga antes que ela chegue ao tumor.
Sendo assim, quanto maior é o índice de gordura corporal do paciente durante o quadro clínico do câncer, menos eficaz tende a ser o tratamento. Estudos apontam, inclusive, que o índice de sobrevivência de pacientes com sobrepeso tratados com esse quimioterápico é significativamente pior que o de pacientes não-obesos.
Além disso, a obesidade contribui com a resistência à insulina e doenças metabólicas. Essas duas questões estão intimamente ligadas à progressão e à recorrência do câncer de mama, especificamente.
Perder peso após o diagnóstico de câncer de mama faz bem?
É fato que a obesidade aumenta as chances de ter câncer e de viver um prognóstico pior. Enquanto isso, os estudos sobre o impacto de perder peso após o diagnóstico ainda são poucos.
Apesar disso, é seguro afirmar que combater o sobrepeso controla outras comorbidades. Tê-las sob controle pode ajudar o paciente durante o tratamento de um câncer.
Além disso, o quadro clínico de câncer de mama e faixa etária em que a doença costuma acontecer são fatores de risco para desenvolver obesidade. Sendo assim, é essencial que o paciente oncológico também tenha amparo especializado nessa área. Ou seja, deve receber orientações de alimentação e estilo de vida durante o tratamento.
Câncer de mama: quando buscar um oncologista, fatores de risco e mais
O câncer de mama é uma doença com fatores de risco evitáveis e não evitáveis. O consumo exagerado de ultraprocessados, a obesidade e o uso prolongado de anticoncepcionais, por exemplo, são riscos que podem ser contornados.
Já a passagem do tempo e histórico familiar, por exemplo, são fatores que não podem ser evitados. Sendo assim, é importante realizar o rastreio do câncer corretamente.
Além do autoexame, o Ministério da Saúde orienta que mulheres com mais de 50 anos realizem mamografias de dois em dois anos. O objetivo é o diagnóstico precoce e um melhor prognóstico.
Já quem tem um histórico familiar de câncer que aponta para síndromes genéticas com maior propensão ao surgimento da doença, é indicado buscar um especialista para definir a melhor forma de rastreamento. Oncologistas especializados em medicina de precisão, como eu, são os mais indicados para um olhar individualizado.
O acompanhamento do rastreio do câncer de mama é feito, em geral, por ginecologistas ou mastologistas. Qualquer suspeita precisa ser confirmada por exames complementares. Em casos confirmados de câncer, oncologistas clínicos passam a conduzir o tratamento do câncer de mama.
Sabendo que o câncer de mama pode matar, receber esse diagnóstico não é nada fácil. Ele tende a vir acompanhado de dúvidas como “quem é o melhor oncologista para me atender?” e “será que posso encontrar um oncologista perto de mim?”. É preciso, no entanto, manter a calma e ter consciência de que o câncer de mama tem tratamento e, em muitos casos, cura.
O melhor oncologista para um determinado paciente será aquele que o enxerga como um indivíduo, e não como uma doença. A visão de um tratamento multidisciplinar, acolherá as aflições e dúvidas sem julgamento.
Ao receber um diagnóstico de câncer, procure um oncologista em sintonia com seus valores e que te faça sentir segura.