
Biópsia no câncer de mama: o que é e como é feita
A biópsia da mama é um procedimento realizado quando, na mamografia, é encontrada uma alteração indicativa de câncer de mama. No procedimento, uma amostra de tecido epitelial é coletada para que os patologistas possam analisá-la. A partir daí, é elaborado o laudo.
O resultado do exame, no entanto, pode ser difícil de interpretar por conter uma série de palavras incomuns. Geralmente, essas palavras são o que diferencia uma lesão benigna de uma maligna. Elas sugerem ainda o tipo e o estadiamento da doença caso seja confirmado o câncer de mama.
Os resultados da biópsia de mama devem ser lidos e interpretados por um médico mastologista ou oncologista. Porém, é verdade também que quando o paciente consegue entender minimamente o conteúdo do laudo, pode chegar à consulta com perguntas mais direcionadas.
Veja abaixo dicas de como interpretar as informações sobre a biópsia de mamas e outros termos comuns:
Para que serve uma biópsia da mama
A biópsia é um procedimento no qual parte do tecido da mama é coletado para análise. Na maioria das vezes é realizada de maneira minimamente invasiva, retirando a amostra com agulhas, mas também pode ser feita por incisões cirúrgicas.
Quando uma paciente é encaminhada para uma biópsia da mama, não significa que ela tem um câncer. O pedido de uma biópsia é necessário quando há suspeita de neoplasia que precisa ser estudada. Segundo a American Cancer Society, a maior parte dos resultados de biópsias mamárias não acusa câncer.
O que vem escrito no resultado de uma biópsia?
Conforme a amostra retirada da mama na biópsia é enviada ao laboratório, o médico patologista faz a análise de diversas formas. Dentre as características das células listadas, estão:
- Tamanho;
- Contornos;
- Semelhança ou diferença com células saudáveis;
Por fim, baseando-se nisso, ele faz um laudo chamado de anatomopatológico.
Este laudo pode ser bastante complexo e dividido em diversas partes. Primeiramente, ele contém as informações da paciente, quantidade de amostras enviadas ao laboratório e informações clínicas relevantes. Em seguida, o resultado da biópsia pode ser classificada da seguinte forma:
- Descrição macroscópica: observação da amostra sem uso do microscópio, descrevendo-a quanto às características e medidas. Aqui, é possível observar informações como cor, consistência e aparência geral do tecido;
- Descrição microscópica: mais detalhada, essa parte do exame se baseia em dados obtidos com o auxílio de um microscópio. A aparência das células é descrita, como forma como estão organizadas, comparação com uma célula saudável, e métodos imunohistoquímicos são utilizados para classificar e categorizar a doença.
- Diagnóstico da biópsia: parte fundamental do laudo, ela descreve o que é possível concluir com base nas características observadas. Essa seção explica se há ou não uma neoplasia e, a depender da amostra, pode sugerir parte do estadiamento da doença;
- Comentário do especialista: após toda a descrição da amostra e o diagnóstico, o patologista pode incluir mais informações que julgar pertinentes. Ele pode, por exemplo, sugerir que se faça outros exames, ou expressar outro tipo de recomendação.
Como entender o resultado de uma biópsia de mama?
Além de conhecer as seções do laudo de uma biópsia, é importante entender também o significado de termos presentes. Veja abaixo quais palavras podem fazer parte do resultado da biópsia de mama:
- Carcinoma: palavra usada para descrever um câncer que tem origem nas células epiteliais de algum tecido, algo como a “pele” de um órgão. A maior parte dos cânceres de mama são carcinomas;
- Adenocarcinoma: termo utilizado para designar um câncer que tem origem em tecido glandular;
- Infiltrante ou invasivo: esses termos apontam evidências de que o câncer ultrapassou ou é capaz de ultrapassar o tecido no qual se formou. Essas palavras indicam que o laudo contém um diagnóstico de câncer;
- In situ: termos usados para designar células anormais que formam uma lesão pré-maligna. Isso significa que, se não tratada, ela pode se tornar um câncer – mas isso nem sempre acontece. Essas palavras podem aparecer em termos como “carcinoma ductal in situ” ou “carcinoma lobular in situ”. Elas designam, portanto, lesões pré-cancerígenas com origem no tecido epitelial do seio que pode estar nos dutos ou nos lóbulos;
- Ductal: o seio é formado por pequenos “caninhos” chamados de dutos. Eles são responsáveis por levar o leite materno de onde ele é fabricado até sua saída. Quando a palavra “ductal” aparece no laudo, significa que a alteração encontrada está em um ou mais dutos;
- Lobular: nas mamas, os lóbulos são as estruturas responsáveis por produzir o leite materno. Quando a palavra “lobular” aparece no laudo, significa que a alteração encontrada está em um ou mais lóbulos;
- Grau histológico/nuclear: é o indicativo do quão diferente é a célula tumoral das células mamárias normais. Além disso, também é pautado na rapidez de reprodução das células e a forma como elas se agrupam. Quanto maior é o grau, mais diferentes do esperado as características dessas células são – e, portanto, mais agressivo é o tumor encontrado. Sua classificação vai de 1 a 3;
- Invasão angiolinfática: a rede linfática está presente nos seios e pode ser “invadida” pelas células cancerosas. Seu papel é drenar o líquido que coleta “impurezas” por todo o corpo. Sendo assim, o exame pode ou não acusar invasão no sistema linfático, com termos como presente (ocorre) ou ausente (não ocorre). Ter invasão angiolinfática presente significa que é mais fácil para as células deste tumor se espalhar por outras partes do organismo.
- Micropapilar: tipo de carcinoma ductal invasivo com prognóstico mais reservado;
- Tubular/mucinoso/cribriforme: tipos de carcinoma ductal invasivo com prognóstico mais positivo;
- Hiperplasia: significa que as células do tecido mamário estão mais numerosas, maiores e com características de formato e padrão diferentes do normal. Isso não significa câncer, mas é uma característica causada por algum tipo de alteração no organismo e tida como um fator de risco para a doença;
- Neoplasia: termo que designa uma massa de células agrupadas em um crescimento anormal, algo mais conhecido como tumor. Tumores podem ser benignos ou malignos e, portanto, a palavra “neoplasia” no laudo não é o mesmo que câncer.
Estadiamento TNM
É possível estabelecer o seu estadiamento pelo tamanho do tumor e a presença ou ausência de disseminação da doença. No resultado da biópsia, o estadiamento é normalmente indicado pelas letras T, N e M.
- O T se refere ao tumor primário. A categoria é acompanhada por números de 0 a 4 (T0, T1, T2, T3 e T4). Quanto maior for a classificação, maior é o tumor e/ou mais expressiva é a disseminação dele para outros tecidos do seio.
- O N refere a disseminação para os linfonodos e é acompanhada por números de 0 a 3 (N0, N1, N2 e N3). Quanto maior for a classificação, maior é o comprometimento dos linfonodos pelo câncer.
- A categoria M, se presente, indica que o câncer se espalhou para outros órgãos do corpo. No caso do câncer de mama, isso geralmente acontece com o fígado, os pulmões, o cérebro ou os ossos.
Além dessas letras, também podem aparecer as seguintes siglas:
- ER (significa que o tumor tem receptores de estrogênio);
- PR (significa que o tumor tem receptores de progesterona);
- HER2 (significa que o tumor tem a proteína HER2).
Caso uma ou mais dessas siglas sejam positivas no laudo, significa que o câncer é mais suscetível à chamada hormonioterapia ou terapia hormonal.
Condições benignas que podem aparecer na biópsia
Nem sempre a biópsia da mama encontra um câncer. O procedimento, mesmo que usado para avaliar um tumor, pode encontrar, por exemplo:
- Hiperplasia ductal com atipias;
- Adenose;
- Adenose esclerosante;
- Lesão esclerosante complexa;
- Metaplasia apócrina;
- Fibrose;
- Cisto;
- Papiloma;
- Papilomatose.
Consulte um médico
A desinformação é a pior inimiga da saúde. Não entender seu diagnóstico ou ter informações erradas sobre ele pode levar ao abandono do tratamento, além de ansiedade e quadros depressivos. O oncologista de câncer de mama pode interpretar sua biópsia levando em conta também outros exames de imagem, laboratoriais, exame físico e o quadro clínico.
Por isso, ao pesquisar sobre a doença, é fundamental buscar conteúdo de qualidade e fugir de páginas suspeitas. Além disso, consulte seu médico e confie em sua condução. O melhor oncologista é aquele que te passa segurança e tranquilidade.