
Câncer de mama e desejo de engravidar: o que mostrou o POSITIVE Trial?
A jornada de mulheres jovens com câncer de mama envolve não apenas o desafio do tratamento, mas também o impacto em planos de vida, como o desejo de gestar. Até recentemente, havia receio em interromper o tratamento hormonal adjuvante para tentar engravidar, já que não se sabia com clareza o quanto isso poderia comprometer a segurança oncológica.
O POSITIVE Trial trouxe respostas importantes e esperança para muitas mulheres. Esse estudo avaliou a segurança da pausa temporária da hormonioterapia e os resultados relacionados à fertilidade em mulheres jovens com câncer de mama hormônio-dependente.
O que é o POSITIVE Trial?
O estudo incluiu 518 mulheres com até 42 anos, todas com câncer de mama inicial, receptor hormonal positivo, que desejavam engravidar.
As pacientes estavam em uso de tratamento hormonal adjuvante (como tamoxifeno ou inibidores de aromatase) e interromperam a medicação temporariamente, sob acompanhamento médico.
O objetivo principal foi avaliar se essa pausa aumentaria o risco de recorrência do câncer. Além disso, o estudo investigou a taxa de gravidez, o sucesso gestacional e os fatores que influenciam a fertilidade.
Principais resultados
Os achados do estudo foram encorajadores:
- Segurança oncológica: após um seguimento médio de 41 meses, não houve aumento significativo do risco de recorrência entre as mulheres que interromperam o tratamento para engravidar.
- Taxa de gravidez: cerca de 74% das participantes conseguiram engravidar.
- Taxa de nascimento: aproximadamente 64% tiveram filhos vivos, um resultado expressivo para pacientes que haviam passado por tratamento oncológico.
- Fatores de impacto: idade mais jovem (<35 anos) e ausência de quimioterapia prévia aumentaram as chances de gestação; já mulheres com baixa reserva ovariana tiveram menor taxa de sucesso.
Esses resultados oferecem dados concretos para orientar decisões compartilhadas entre paciente e médico.
O que isso significa para mulheres com câncer de mama?
O POSITIVE Trial trouxe uma mensagem clara: é possível engravidar com segurança após uma pausa planejada na hormonioterapia, desde que acompanhada de perto por uma equipe especializada.
Isso não elimina a necessidade de avaliação individualizada. Cada caso deve ser discutido levando em conta:
- Idade da paciente;
- Tipo de tratamento realizado;
- Tempo já cumprido de hormonioterapia;
- Condições de saúde associadas;
- Desejo reprodutivo imediato.
O acompanhamento multidisciplinar, que pode incluir oncologista, ginecologista e especialistas em fertilidade, é fundamental para garantir segurança e melhores chances de sucesso.
Conquistar a maternidade após o câncer é um desejo legítimo e, hoje, sustentado por evidências científicas. O POSITIVE Trial é um marco que transforma esperança em possibilidade real.
Se você ou alguém próximo enfrenta esse dilema, agende uma consulta para discutir as opções disponíveis e encontrar o caminho mais seguro e adequado.
FAQs – Perguntas Frequentes
Não. A decisão depende de fatores como idade, tipo e estágio do câncer, tempo já cumprido de tratamento hormonal e condições clínicas gerais. Somente uma avaliação personalizada pode indicar segurança nessa pausa.
Não necessariamente. No POSITIVE Trial, muitas mulheres engravidaram naturalmente, mas técnicas como fertilização in vitro aumentaram as chances em alguns casos, principalmente em pacientes mais velhas ou com baixa reserva ovariana.
Segundo o POSITIVE Trial, a pausa temporária não elevou o risco de recorrência no período avaliado. Ainda assim, é fundamental retomar o tratamento após a gestação, dentro do plano definido com o oncologista.