
Estratégias de Tratamento do Câncer de Mama pela Medicina de Precisão
A medicina de precisão é uma das razões para os grandes avanços no tratamento do câncer. Também chamada de medicina personalizada, ela usa características específicas do tumor e do paciente para atingir a doença de forma mais assertiva. Além disso, graças à medicina de precisão, o tratamento se torna menos prejudicial ao organismo.
Mas, afinal, como funciona a medicina personalizada e como ela pode ser aplicada? Entenda abaixo em detalhes o que é a oncologia de precisão, em quais fatores ela se baseia e como é usada na prática.
Como funciona a medicina personalizada ou medicina de precisão?
Um câncer de mama nunca é igual a outro, assim como cada paciente. Enquanto isso, tratamentos para doenças são, na maioria das vezes, padronizados. A medicina de precisão busca mudar isso. Através dela, a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer ou outras doenças são individualizados.
Mas, afinal, como funciona essa abordagem? Tudo começa com o fato de que o câncer é uma doença multifatorial. Tumores são causados por mutações genéticas, e essas mutações são causadas por combinações muito específicas. Pode haver influência hereditária, hormonal e até ambiental.
Sendo assim, um mesmo tipo de câncer de mama em duas pacientes diferentes pode ter causas e características genéticas diferentes. A medicina de precisão estuda tanto o tumor quanto a paciente e o contexto de vida dela para entender por completo a doença.
Isso torna a prevenção mais assertiva, otimiza a escolha de medicamentos e tem potencial para melhorar ou até prolongar a vida do paciente.
Medicina de precisão na prevenção
O protocolo de rastreamento do câncer de mama é, atualmente, focado na mamografia. Mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer o exame uma vez a cada dois anos – e isso segue sendo necessário. Com o auxílio da medicina de precisão, porém, a prevenção pode contar com mais fatores.
É possível, por exemplo, fazer uma avaliação genética aprofundada do indivíduo. Dessa forma, alterações moleculares que possam aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer podem ser identificadas.
A partir disso, o paciente pode fazer mudanças estratégicas no dia a dia, evitando fatores de risco e até tomando atitudes mais amplas – como a mastectomia bilateral redutora de risco, indicada em alguns casos de pacientes com alta predisposição ao câncer de mama.
Sabendo que um paciente tem alta predisposição ao câncer, o médico ou médica especializada pode ainda oferecer um protocolo de rastreamento mais detalhado e eficaz.
Medicina de precisão no diagnóstico e no tratamento
A medicina personalizada permite que, já no diagnóstico, muitas características do câncer sejam conhecidas. É possível, por exemplo, entender o nível de agressividade, as tendências de crescimento do tumor e a susceptibilidade dele a determinados medicamentos.
Unindo esses dados às informações genéticas do paciente e aos fatores ambientais que o rodeiam, chega então a etapa do tratamento. Aqui, a medicina de precisão atua em descobrir os melhores “alvos” do tumor para entender quais as melhores “armas” para atacá-lo.
Duas pacientes com o mesmo tipo de câncer de mama podem reagir de forma completamente diferente a um tratamento padrão. Quando um tratamento não dá certo, médicos partem para outras linhas terapêuticas até encontrar a mais adequada. A medicina de precisão é um atalho para esse processo.
Isso porque um desses cânceres pode ter marcadores específicos que o outro não tem. Sendo assim, uma terapia-alvo pode ser mais vantajosa que um tratamento tradicional. Isso reduz os efeitos colaterais, aumenta as chances de sucesso e melhora o bem-estar do paciente.
Tratamento do câncer de mama com a medicina de precisão
No caso do câncer, há dois tipos de tratamento frequentemente usados na medicina de precisão. O primeiro deles é a terapia-alvo. Nela, medicamentos atacam alvos específicos nas células cancerosas. O segundo é a imunoterapia, estímulo do sistema imunológico para que ele ataque o câncer.
Saiba mais sobre cada modalidade abaixo:
Medicina de precisão: terapia-alvo
Células cancerosas se diferenciam das células normais a partir de mutações genéticas. Com essas mutações, as células passam a se dividir e crescer mais rapidamente. Ainda assim, em meio aos muitos tipos de câncer e à singularidade dos quadros da doença, células cancerosas podem ser bem diferentes umas das outras.
Duas pessoas com o mesmo tipo de câncer podem ter quadros clínicos diferentes, algo que tem relação com as mutações genéticas causadoras desse câncer. Sendo assim, é possível identificar características particulares em um tumor – e usá-las como alvo durante o tratamento.
A terapia-alvo consiste em remédios capazes de rastrear células cancerosas a partir de uma determinada proteína, enzima ou outra característica única delas. Ao encontrá-las, o medicamento bloqueia o mecanismo de multiplicação delas, impedindo ou freando a progressão da doença.
Isso pode ser feito das seguintes formas:
- Bloqueio dos sinais químicos que “orientam” as células cancerosas a crescer e se dividir;
- Alteração de certas proteínas da célula cancerosa para que elas sejam destruídas;
- Bloqueio da formação de novos vasos sanguíneos para impedir que as células cancerosas se alimentem;
- “Intoxicação” das células cancerosas com o medicamento carregando substâncias específicas diretamente até elas.
Como os medicamentos são “programados” para atuar apenas em células com determinadas características, eles não afetam células saudáveis. A terapia-alvo pode ser utilizada de forma independente ou combinada a outros tipos de tratamento, como a quimioterapia.
Terapias-alvo para o câncer incluem medicamentos como:
- Anticorpos monoclonais (trastuzumabe, pertuzumabe, etc);
- Inibidores de angiogênese (bevacizumabe, pazopanibe, etc);
- Inibidores de ciclina (ribociclibe, abemaciclibe, etcs);
- Inibidores da via da MAPK (alpelisibe, capivasertibe, etc).
Medicina de precisão: imunoterapia
O sistema imunológico é o sistema responsável por defender o organismo. Contando com células especiais, ele impede a entrada de germes causadores de infecções, por exemplo, e as combate caso aconteçam. Isso, porém, nem sempre se aplica a células cancerosas, que podem passar despercebidas pelo sistema imunológico.
Como as células do câncer se originam de células normais, as defesas do corpo nem sempre as veem como “intrusas”. Em alguns casos, o sistema imunológico chega a identificá-las como células anormais, mas não consegue promover uma resposta forte o suficiente para combater a doença. E é aqui que entra a imunoterapia.
A imunoterapia é um tipo de tratamento que foca no sistema imunológico. Ela pode, por exemplo, estimular esse sistema para que ele fique mais ativo e “focado” em células cancerosas, ou até transformá-lo de forma a permitir que ele encontre essas células.
A imunoterapia pode se apresentar das seguintes formas:
- Inibidores de checkpoint (remédios que tiram o “freio” do sistema imunológico);
- Terapia de células T com receptor de antígeno quimérico ou CAR-T (substâncias que “treinam” o sistema);
- Citocinas (proteínas “mensageiras” que estimulam o sistema);
- Imunomoduladores (incentivo ao sistema imunológico);
- Vacina para câncer;
- Anticorpos monoclonais (anticorpos criados em laboratório e programados contra o câncer);
- Vírus oncolíticos (vírus modificados para infectar e matar células cancerosas).
A imunoterapia pode ser utilizada de forma independente ou combinada a outros tratamentos, como a quimioterapia ou radioterapia.
Câncer de mama: sintomas, quando buscar um oncologista e mais
O câncer de mama é uma doença que quanto mais cedo for descoberta, mais chances tem de ser curada. Para fazer o diagnóstico precoce, porém, é importante que mulheres conheçam os possíveis sintomas da doença e se atentem à prevenção.
Mulheres na faixa dos 50 aos 69 anos de idade devem fazer mamografias uma vez a cada dois anos, segundo o Ministério da Saúde. Antes dessa idade, é importante ter o acompanhamento regular de um clínico geral, ginecologista ou mastologista (especialmente para quem tem histórico familiar da doença). A suspeita de câncer geralmente é levantada por um desses profissionais a partir do exame clínico ou de imagem.
O diagnóstico de câncer de mama é feito por oncologistas clínicos, médicos responsáveis por guiar a paciente pelo tratamento contra a doença. Após a suspeita de câncer ser levantada, pacientes são encaminhadas a esses especialistas, que avaliam o quadro clínico de perto e dão o seguimento adequado.
Na hora de escolher um oncologista, é importante pesquisar sobre a carreira dos especialistas. Além disso, pode ser interessante buscar um médico especializado no seu tipo de câncer..
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