Subtipos do Câncer de Mama: quais são e como são tratados
O câncer de mama é uma doença que começa quando células passam por mutações e se multiplicam desordenadamente formando um tumor. Porém, apesar do mecanismo de formação da doença ser este em boa parte dos casos, os tumores podem ter diferentes características – o que determina o quão agressivo é o câncer e quais os tratamentos mais apropriados para ele.
Conheça os principais subtipos do câncer de mama, as características de cada um e como elas afetam a gravidade da doença ou as possibilidades de tratamento.
Quais são os subtipos do câncer de mama?
Os subtipos do câncer de mama são definidos a nível molecular, ou seja, baseiam-se na constituição das células cancerígenas. Essa constituição é responsável pela forma como estas células se comportam no corpo, pela suscetibilidade delas a determinados tratamentos, entre outras características. Atualmente, há quatro subtipos de câncer de mama vistos como principais: Luminal A, Luminal B, HER2 positivo e triplo negativo.
Para entender cada um dos subtipos de câncer de mama, é importante saber que a classificação se refere a receptores e alvos – ou seja, espécies de “caixinhas” nas quais determinados medicamentos são capazes de se encaixar, ou a presença de proteínas que aumentam a facilidade de atacar o tumor. Nesse contexto, leva-se em consideração a expressão de receptores hormonais de progesterona (RP) e estrogênio (RE), e a expressão do receptor da proteína do fator de crescimento epidérmico 2 (HER2).
Cânceres que têm receptores para progesterona e/ou estrogênio são mais suscetíveis à terapia hormonal, enquanto aqueles que hiperexpressam HER2 são suscetíveis a tratamentos que usam esse receptor de membrana como alvo. Há, no entanto, um subtipo de câncer em que não existe a expressão de RP, RE ou HER2. Ele é chamado de triplo-negativo e representa, em geral, tumores com quadro mais agressivo por não terem medicações alvo para seu tratamento.
Entenda as características de cada subtipo, a frequência com que acontecem e como são tratados:
Luminal A
Entre os subtipos do câncer de mama, o Luminal A é o mais comum deles. Este subtipo é receptor hormonal positivo e HER2 negativo – o que, em outras palavras, significa que o tumor apresenta receptores de progesterona e estrogênio (RE e RP), mas não apresenta hiperexpressão do fator de crescimento epidérmico 2 (HER2). Além disso, ele tem baixos níveis Ki-67, o que indica baixa velocidade de crescimento das células cancerígenas.
Em geral, este tipo de câncer de mama apresenta crescimento mais lento, prognóstico bastante favorável e menor comprometimento dos linfonodos. Devido à presença de receptores hormonais, pacientes com câncer de mama Luminal A tendem a se beneficiar de terapia hormonal – ou seja, medicamentos que agem como chave e fechadura nos receptores hormonais, bloqueando a divisão e proliferação celular.
Luminal B
Representando entre 20 e 30% dos casos de câncer de mama invasivo, o Luminal B é o subtipo de câncer de mama mais agressivo entre aqueles classificados como dependentes de hormônio. Nestes casos, o tumor segue dois caminhos:
- Tem receptores de estrogênio, não hiperexpressa a proteína HER2 e tem ainda níveis altos de Ki-67 (indicando velocidade alta de crescimento das células cancerígenas), ou não tem receptores de progesterona;
- Tem receptores de estrogênio, hiperexpressa a proteína HER2 e pode ter ou não receptores de progesterona. Nestes casos, os níveis de Ki-67 podem ser altos ou baixos, e é possível classificar o câncer como HER2 com co-expressão de receptores hormonais.
Sendo assim, o câncer de mama do tipo Luminal B tem prognóstico menos favorável que os do tipo Luminal A, visto que crescem mais rapidamente. Além disso, a terapia hormonal também tende a ser um dos caminhos para o tratamento, mas o Luminal B não responde tão bem a este tipo de terapia isoladamente e requer uma combinação com quimioterapia ou terapia-alvo anti-HER.
HER2 positivo
Neste subtipo, o câncer de mama é HER2 sem expressão de receptores hormonais. Isso significa que o tumor não apresenta receptores hormonais de estrogênio e progesterona, mas tem a proteína HER2 hiperexpressa – e, além disso, geralmente apresenta altos níveis de Ki-67.
Isso significa que este subtipo cresce mais rapidamente que os cânceres do tipo Luminal A e B e traz prognóstico menos favorável. Apesar de serem agressivos, esses cânceres costumam responder muito bem a terapias-alvo, ou seja, medicamentos que têm um foco específico – o que, neste caso, é a proteína HER2. Como não há receptores hormonais positivos, este câncer não se beneficia de terapia hormonal.
Triplo negativo
Nos casos de câncer de mama triplo-negativo, o tumor não apresenta receptores hormonais e nem hiperexpressão da proteína HER2, e isso restringe o tratamento. Isso porque, com estas características, ele é mais agressivo e, via de regra, não possui opções de tratamento com boa eficácia.
Mais comum em mulheres jovens, negras e pacientes com mutações no gene BRCA1, o câncer de mama triplo-negativo costuma ser tratado com quimioterapia associada a terapias-alvo com os chamados inibidores de PARP, que evitam a multiplicação e ajudam a eliminar células cancerígenas. Quando diagnosticado ainda no início, o câncer de mama triplo-negativo pode ser curado.