Tratamento para câncer de mama: quimio em comprimidos e outros medicamentos

A quimioterapia é uma das opções de tratamentos mais comuns para câncer. Ela pode ser administrada de diversas maneiras, sendo as infusões aplicadas em veias ou artérias a forma mais comum. No entanto, há também o tratamento para câncer administrado por via oral – ou seja, a partir de comprimidos.

Entenda como funciona a quimioterapia em comprimido – também conhecida como quimioterapia oral, suas indicações e os medicamentos mais usados.

 

Como funciona a quimioterapia ou outros medicamentos em comprimido?

A quimioterapia oral é administrada na forma de comprimidos. O tipo do medicamento é definido pelo oncologista clínico responsável pelo caso, bem como a frequência da administração e dose. 

As duas versões da quimioterapia (oral ou intravenosa) funcionam de maneira sistêmica, afetando também as células saudáveis ao atacar as células do câncer. A escolha pela via de aplicação tem relação apenas com o conforto posológico ao paciente e ao formato disponível de certo medicamento.

Outras terapias antineoplásicas orais, no entanto, têm características de terapia-alvo. Ou seja, a partir do estudo molecular das células cancerígenas, ataca de forma direcionada, diminuindo os efeitos colaterais. 

 O câncer é formado por células que sofreram mutações e, por isso, não funcionam da forma correta. Ao se multiplicarem rapidamente, elas formam um grupo de células anormais, causando um tumor e, consequentemente, a doença e seus sintomas. 

Após o diagnóstico, essas células podem ser estudadas a nível molecular. Assim é possível descobrir diversas características que servem como uma espécie de “fechadura”.

No caso do câncer de mama, o objetivo é descobrir se as células cancerígenas apresentam receptores específicos ou mutações. Essas características se tornam então um alvo – e, enquanto isso, os medicamentos quimioterápicos são “chaves” que se encaixam perfeitamente nas fechaduras

Dessa forma, essa modalidade de tratamento antineoplásico tende a tratar ou controlar o câncer com menor impacto às demais estruturas do corpo. É por isso, por exemplo, que esses remédios raramente causam queda de cabelo, efeito mais conhecido da quimioterapia intravenosa.

A quimioterapia e outros medicamentos antineoplásicos em comprimido podem ser utilizados em diferentes fases do tratamento do câncer. Ou seja, na fase aguda da doença ou após a quimioterapia intravenosa (durante anos até a remissão).

 

Por que tomar quimioterapia ou outros medicamentos em comprimido: indicações do tratamento oral

A quimioterapia oral é indicada para diversos tipos da doença, como:

• Câncer de mama;
• Câncer nos rins;
• Câncer de fígado;
• Câncer de cólon;
• Câncer de pulmão;
• Câncer no cérebro;
• Leucemia Mielóide Crônica (LMC). 

Em alguns casos, o tratamento do câncer se resume ao uso da quimioterapia em comprimido. Já em outros ele aparece como uma etapa complementar a outras modalidades de quimioterapia e radioterapia.

O conforto de poder fazer o tratamento em casa, sem internação, é outro fator positivo. Entretanto, isso exige mais atenção dos pacientes e cuidadores. Afinal, o medicamento precisa ser tomado da forma correta, respeitando as doses e os intervalos estipulados pelo médico. 

 

Efeitos da quimioterapia ou outros medicamentos contra o câncer em comprimido

A quimioterapia oral é uma modalidade tão intensa e eficiente quanto a intravenosa. Sendo assim, ela traz efeitos colaterais – que, inclusive, devem ser sempre relatados ao médico responsável pelo caso. Alguns deles são: 

• Fadiga;
• Alterações na pele;
• Diarreia;
• Náuseas e/ou vômito;
• Surgimento de hematomas;
• Feridas na boca.

Em geral, a quimioterapia oral é prescrita em conjunto com medicamentos que visam minimizar tais efeitos. São eles, remédios para enjoo e protetores gástricos.

Esses sintomas podem aparecer pontualmente após a ingestão do comprimido ou de forma permanente durante todo o tratamento. É importante monitorá-los atentamente, tirando qualquer dúvida com a equipe que estiver à frente do tratamento.

É possível que o esquema e dosagem do tratamento tenham que ser ajustados em caso de efeitos colaterais intensos e muito incômodos. Nestes casos, horário, dosagem ou até tipo de medicamento podem ser alterados.

 

Tratamento antineoplásico em comprimido faz cair o cabelo?

A presença ou ausência de queda de cabelo entre os efeitos colaterais da quimioterapia oral depende do tipo de medicamento. Alguns remédios podem, sim, provocar a queda capilar, enquanto outros não afetam os fios. Existem medicamentos que causam outras mudanças, como alteração de cor.

Terapias antineoplásicas orais para câncer de mama: medicamentos mais comuns

Há uma série de medicamentos que funcionam como quimioterapia oral ou terapia-alvo contra o câncer. No caso do câncer de mama, alguns dos medicamentos mais comuns são:

• Hormonoterapia (tamoxifeno, letrozol, anastrozol, exemestano);
• Inibidores de ciclina (ribociclibe, abemaciclibe, palbociclibe);
• Inibidores da via mTOR (everolimo);
• Inibidores de tirosina kinase anti-HER (lapatinibe, tucatinibe);Inibidores de PARP (olaparibe, talazoparibe);
• Quimioterapia oral (capecitabina, metotrexato, ciclofosfamida).

 

Como obter a quimioterapia ou outros medicamentos em comprimido

Por lei, o governo deve fornecer tratamentos de câncer de maneira gratuita. Chamados medicamentos de alto custo, tanto a quimioterapia intravenosa quanto a quimioterapia oral são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) contanto que pertençam ao ROL da ANS

O processo para obtenção do medicamento gratuitamente começa no médico oncologista responsável. Ele deve prescrever tratamento de forma minuciosa, especificando o tempo e a frequência de uso da quimioterapia em comprimido.

No Hospital Israelita Albert Einstein, já que a maioria das pacientes possuem planos/seguros de saúde, o oncologista emite um relatório com a história oncológica da paciente e indicação médica do tratamento embasado por referências da literatura, além de emitir uma receita médica com os seguintes dados:

• Nome da medicação;
• Quantidade de comprimidos necessários para cada ciclo;
• Programação de período de tratamento;
• Doses específicas para aquele indivíduo 

A partir disso, a pessoa encaminha esses documentos, em conjunto com resultados de anatomia patológica e imunohistoquímica, para o convênio médico. O plano de saúde, por sua vez, tem um período para autorizar e iniciar o envio das medicações. 

Com aprovação em mãos, basta então retirar os medicamentos no local indicado – geralmente em farmácias, postos de saúde, próprio hospital em que a pessoa é tratada ou mesmo entrega domiciliar em alguns casos .

 

O plano de saúde cobre os tratamentos antineoplásicos em comprimido?

A quimioterapia e outros remédios em comprimido também são cobertos pelos planos de saúde.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pelos convênios, define que os medicamentos para tratamento de câncer, assim como os que controlam seus efeitos colaterais, devem ser cobertos pelos planos de saúde.

Neste caso, a operadora de saúde fornece o medicamento ao paciente mediante prescrição médica. Isso acontece por meio de uma farmácia própria, terceirizada ou do local onde o tratamento será realizado (como um hospital ou clínica, por exemplo).

 

Cuidados com a quimioterapia ou outros remédios via oral

Apesar de ser vista como mais “simples” que a quimioterapia administrada em infusões, a terapia antineoplásica em comprimidos exige atenção e cuidados específicos. É preciso, por exemplo, prestar muita atenção para não perder uma dose, visto que pular um comprimido pode afetar a eficácia do tratamento.

Outros cuidados importantes:

• Atentar-se ao jejum necessário;
• Respeitar as orientações para conservação;
• Ficar atento a efeitos inesperados e comunicar o médico sobre qualquer dúvida.

Caso receba um diagnóstico de cancer de mama e tenha dúvidas em relação aos tratamentos disponíveis, procure um especialista. Saiba que a pessoa com câncer de mama pode manter a qualidade de vida durante o tratamento. Além disso, há diversas medidas que podem ajudar a manter a vida da paciente em tratamento cada vez mais leve.

Lembre-se: o melhor oncologista é aquele com quem você se sente segura e confortável.