
O que é câncer de mama luminal e como ele é tratado?
Luminal é uma forma de caracterizar um tumor de mama a nível molecular. Um câncer de mama luminal é aquele que apresenta receptores hormonais – ou seja, que tem células cancerígenas usando estrogênio, progesterona ou ambos como “combustível” para crescer. Entenda como esse câncer se comporta e como ele é tratado.
Câncer de mama luminal: características, prognóstico e mais
O câncer de mama luminal é um dos subtipos moleculares da doença cujo tumor tem receptores hormonais positivos. Isso significa que ele se “alimenta” de hormônios como estrogênio e progesterona e pode, assim, ter seu “suprimento” cortado por meio do tratamento.
A definição “luminal” se refere à origem celular do tumor. Isso porque, nesses casos, as células que formam o câncer se parecem com as que revestem internamente os ductos mamários no que se chama de camada luminal.
Um dos subtipos moleculares mais comuns entre os cânceres de mama, este também é, felizmente, um dos que mais responde bem a tratamentos, especialmente quando se utiliza a hormonioterapia. O prognóstico dele, portanto, é considerado bom.
Subtipo luminal A e B: entenda as diferenças
Há dois tipos de câncer de mama luminal: o A e o B. Eles compartilham semelhanças, mas têm características diferentes que ditam tanto o comportamento do tumor quanto a suscetibilidade dele para determinados tratamentos. Entenda abaixo cada um deles:
Luminal A
Esse subtipo do câncer de mama luminal é o mais frequente. Ele tem crescimento lento e apresenta as seguintes características:
- ER+ e PR+: presença de receptores hormonais de estrogênio e progesterona;
- HER2-: ausência da proteína HER2;
- Índice Ki-67 baixo: baixa taxa de proliferação celular.
Esse conjunto de características torna o prognóstico desse tipo de câncer bem favorável, com baixas chances de haver uma recidiva após o tratamento e boa resposta à hormonioterapia para câncer de mama. Nesses casos, raramente é necessário fazer quimioterapia.
Luminal B
Esse tipo da doença tem crescimento mais rápido e costuma ser mais agressivo – porém também menos comum. As principais características dele são:
- ER+: presença de receptores hormonais de estrogênio;
- PR-: ausência ou expressão fraca de receptores hormonais de progesterona;
- HER2+ ou -: ele pode ou não ter a proteína HER2;
- Índice Ki-67 alto: maior proliferação celular.
Esse conjunto de características indica um tumor com maior risco de recorrência e possível necessidade de tratamentos mais intensivos, como quimioterapia ou terapias-alvo, além da hormonioterapia.
Sintomas de câncer de mama luminal
A manifestação clínica desse subtipo de câncer de mama é como as demais. Sendo assim, as principais características da doença incluem:
- Nódulo palpável na mama;
- Alterações na pele da mama (pele “repuxada”, avermelhada, enrugada, etc);
- Alterações no mamilo (inversão, surgimento de secreções, etc).
O diagnóstico de um tumor luminal acontece após a biópsia, procedimento que possibilita a análise das células cancerígenas em detalhe. Nos testes imuno-histoquímicos, é possível observar quais células formam o câncer e quais as características dela (como a presença ou ausência de receptores hormonais e da proteína HER2)
Tratamento do câncer de mama luminal
O primeiro passo para definir o melhor curso de ação em um caso de câncer de mama luminal é entender qual é o subtipo do tumor (A ou B). Isso porque eles respondem de forma diferente à hormonioterapia, e o segundo subtipo pode pedir uma resposta mais agressiva devido ao seu comportamento.
Em geral, porém, é possível citar como principais pilares do tratamento:
Cirurgia
Na maioria dos casos de câncer de mama, a cirurgia é o primeiro passo. Ela pode ser conservadora (caso em que se retira apenas o tumor com uma margem de segurança) ou mais extensa (mastectomia, procedimento que retira a mama por completo).
A forma como a cirurgia será feita depende do tamanho e da localização do tumor. Além disso, nessa etapa, também é possível que os linfonodos axilares sejam removidos caso haja sinal da doença neles (algo que pode preceder uma metástase).
Radioterapia
Recomendada especialmente após cirurgias conservadoras, nas quais apenas o tumor é retirado, a radioterapia ajuda a reduzir o risco de recidiva local. Esse tratamento, porém, nem sempre é utilizado em casos de câncer de mama luminal.
Hormonioterapia
A hormonioterapia para câncer de mama é uma opção especialmente nos casos de tumor luminal. Ele é o tratamento central para esses cânceres – e isso se dá porque eles apresentam receptores hormonais. Quando a terapia bloqueia a ação dos hormônios femininos no corpo, o tumor fica sem “combustível”. Isso diminui a capacidade de multiplicação das células cancerígenas.
Nessa etapa, é comum o uso de remédios como o Tamoxifeno (modulador seletivo de receptor de estrogênio) para mulheres que ainda não chegaram na menopausa. Fora ele, podem aparecer também o Anastrozol, o Letrozol e o Exemestano (inibidores de aromatase), indicados para quem já está na menopausa.
A duração desse tratamento varia. Mulheres que fazem uso de hormonioterapia precisam tomar o medicamento por um período que pode ir de cinco a dez anos. Ele reduz significativamente a chance de haver uma recidiva da doença, especialmente no subtipo luminal A – que é o mais comum.
Quimioterapia
Em alguns casos, especialmente nos do câncer de mama luminal B, é preciso utilizar a quimioterapia, tratamento sistêmico para a doença. Isso é real principalmente quando o tumor expressa a proteína HER2 ou têm alto risco de metástase (foco do câncer em outra parte do corpo).
Essa etapa pode acontecer antes da cirurgia (neoadjuvante) ou depois dela (adjuvante), dependendo do caso. Em geral, esse tratamento é feito em sessões e administrado diretamente por via endovenosa.
Terapias-alvo e novas medicações
Para tumores com expressão da proteína HER2, medicamentos como o Trastuzumabe podem ser usados. Isso porque algumas medicações podem utilizar essa proteína como alvo, potencializando os efeitos do tratamento.
Pacientes com doença avançada e luminal B sem expressão da proteína HER2, por outro lado, podem se beneficiar de terapias como inibidores de CDK4/6 (Palbociclib, Abemaciclib e Ribociclib), que bloqueiam o ciclo celular e ajudam a impedir que as células tumorais se multipliquem.
Imunoterapia
Esse tratamento costuma ser mais usado em tumores do tipo triplo-negativo e com expressão da proteína HER2, mas, em alguns contextos específicos de pessoas com câncer de mama luminal B, ele pode ser cogitado. Isso é especialmente real em casos nos quais a doença está bem avançada.
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Mais sobre câncer de mama luminal
A diferença está na expressão de receptores hormonais e da proteína HER2, bem como o Ki-67. O luminal A tem receptores de estrogênio e progesterona, não expressa a proteína HER2 e tem baixa taxa de proliferação (Ki-67). Já o luminal B tem receptor de estrogênio, tem expressão negativa ou fraca do receptor de progesterona e pode ou não expressar a HER 2, além de ter Ki-67 alto.
Isso faz com que o luminal A tenha crescimento lento e responda muito bem à hormonioterapia, geralmente dispensando a quimioterapia. Enquanto isso, o luminal B tem maior risco de recidiva, é mais agressivo e pode demandar tratamentos mais agressivos.
Como esse tipo de câncer tem receptores hormonais, ele é tratado com hormonioterapia em praticamente todos os casos. Essa é uma estratégia eficaz pois o tratamento inibe os hormônios que o câncer usa como “alimento” para crescer. Ela é especialmente efetiva em casos de câncer de mama luminal A.
Nem todos. Em tumores do tipo luminal A, que têm baixo risco de recidiva, raramente é preciso usar quimioterapia em combinação com a hormonioterapia.
Já nos tumores do tipo luminal B, principalmente aqueles que têm a proteína HER2 e Ki-67 (índice de proliferação) elevado, a quimioterapia costuma ser indicada. Nesses casos, ela serve para melhorar o controle da doença.