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Terapia de Reposição Hormonal e Câncer de Mama: riscos e contraindicações

Terapia de Reposição Hormonal e Câncer de Mama. Por meio de estudos feitos ao longo de anos, foi descoberto que alguns tipos de terapia hormonal aumentam os riscos de alguns tipos de câncer, como de ovário, de mama e endométrio. Dra Juliana Beal

Terapia de Reposição Hormonal e Câncer de Mama: riscos e contraindicações

A reposição hormonal é uma forma efetiva de aliviar os sintomas da menopausa em mulheres. Apesar disso, em alguns casos, ela também pode aumentar os riscos de desenvolver câncer de mama. 

Mas, afinal, é correto afirmar que reposição hormonal causa câncer? Entenda mais sobre o assunto, bem como a ligação entre a reposição hormonal e a hormonioterapia, tipo de tratamento eficaz contra alguns tipos de câncer de mama. 

 

Terapia de reposição hormonal: o que é

A terapia de reposição hormonal é um tipo de tratamento para os sintomas da menopausa. Ela consiste em fornecer, de maneira exógena (não própria), hormônios como estrogênio, progesterona e testosterona com objetivo de aumentar as concentrações em pessoas que possuem de maneira fisiológica uma queda de seus valores.

A menopausa ocorre quando o organismo feminino passa por um declínio na produção de hormônios. Isso ocorre na faixa entre 45 e 55 anos, e traz diversos incômodos. Entre eles: 

  • Fogachos (ondas de calor);
  • Dores de cabeça;
  • Queda da libido;
  • Insônia;
  • Ganho de peso;
  • Entre outros.

Quando esses sintomas atrapalham a qualidade de vida da mulher ou ocorrem antes dos 40 anos (na menopausa precoce), a terapia hormonal pode ser uma opção. Nela, ocorre a reposição dos hormônios que não são mais produzidos pelo corpo.

Esse tipo de tratamento pode ser sistêmico ou tópico. Na primeira categoria, os tratamentos afetam o organismo como um todo, amenizando a maior parte dos sintomas da menopausa. Na segunda categoria, o tratamento é aplicado de forma localizada. 

A terapia hormonal pode ser administrada de diversas formas. A reposição dos hormônios em declínio se dá por via oral, em forma de comprimidos, ou até pela pele, com géis ou adesivos (ambos tratamentos sistêmicos). Além disso, há ainda cremes vaginais que focam em sintomas como secura e desconforto durante a relação sexual (tratamento tópico).

A reposição hormonal é conduzida pelo médico endocrinologista ou ginecologista. Estes profissionais são responsáveis por avaliar riscos e benefícios, estabelecer dosagens e prescrever o tipo de terapia. Eles também orientam a paciente e realizam ajustes no tratamento. 

 

Terapia hormonal e bloqueio hormonal

Devido ao nome, pode haver confusão entre a terapia de reposição hormonal e a hormonioterapia ou bloqueio hormonal. Enquanto o primeiro é utilizado no tratamento dos sintomas da menopausa, o segundo é um tratamento do câncer de mama. Eles, inclusive, funcionam de maneira oposta.

Enquanto a terapia de reposição hormonal repõe os hormônios, a hormonioterapia para câncer de mama bloqueia sua liberação, produção ou ligação a uma célula do câncer. Isso porque alguns tumores de mama se “alimentam” dos hormônios femininos. Sendo assim, bloqueá-los dificulta a multiplicação das células cancerosas.

 

Riscos da reposição hormonal

O uso da reposição hormonal divide opiniões entre especialistas. Isso porque, apesar dos benefícios, a terapia hormonal pode fazer mal. Seu uso prolongado está relacionado ao aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Sendo assim, ela torna a mulher mais suscetível a:

  • Infartos;
  • Formação de coágulos sanguíneos;
  • AVC (Acidente Vascular Cerebral).

Além disso, há também uma ligação entre a reposição hormonal e o câncer. As evidências sobre essa relação aumentaram nas últimas décadas e, consequentemente, a indicação da terapia hormonal se tornou mais cautelosa.

 

Reposição hormonal dá câncer?

Afinal, qual é a ligação entre terapia de reposição hormonal e câncer? Por meio de estudos feitos ao longo de anos, foi descoberto que alguns tipos de terapia hormonal aumentam os riscos de alguns tipos de câncer, como de ovário, de mama e endométrio. Isso acontece por diferentes motivos.

Menarca (primeira menstruação) precoce e menopausa tardia são fatores de risco para o câncer de mama. Isso acontece porque, dessa forma, a idade reprodutiva da mulher aumenta. Sendo assim, ela fica mais tempo em um ambiente hiperestrogênico, ou seja, em “contato” com os hormônios reprodutivos, o que pode aumentar as chances de se ter a doença. Sendo assim, prolongar artificialmente a presença de estrogênio no corpo intensifica os riscos. 

Além disso, a reposição hormonal também pode causar mudanças em algumas das células do corpo. Ela pode, por exemplo, engrossar o epitélio do útero, camada que reveste internamente esse órgão. Isso, por sua vez, está ligado ao surgimento de câncer de endométrio.

No entanto, a relação entre a reposição hormonal e o câncer ginecológico varia muito de acordo com o método utilizado e o tipo da doença. A terapia hormonal sistêmica que combina estrogênio e progesterona, por exemplo, aumenta os riscos de câncer de mama. Já a terapia hormonal sistêmica que utiliza apenas estrogênio parece não interferir nas chances da neoplasia na mama, mas aumenta os riscos de câncer cervical.

Devido a esses riscos, a reposição hormonal deve ser muito bem estudada e indicada pelo médico. Caso a paciente tenha histórico de câncer de mama ou risco aumentado, alguns tipos de terapia hormonal são contraindicados. 

 

Quem tem câncer de mama pode fazer reposição hormonal?

Afinal, a terapia hormonal é para todos? A resposta é: não. Durante o tratamento do câncer de mama, por exemplo, a terapia de reposição hormonal não é indicada. Isso é especialmente importante em casos de câncer de mama positivos em receptores hormonais. Afinal, a terapia hormonal e o bloqueio hormonal trabalham de forma oposta. 

A reposição hormonal sistêmica também não é indicada para mulheres que já tiveram câncer de mama e estão em remissão da doença. Isso vale especialmente para os casos positivos em receptores hormonais. Isso porque estudos apontam que o uso dessa terapia aumenta os riscos de recidiva do câncer. 

Nesses casos, caso os sintomas da deprivação hormonal estejam muito desconfortáveis, pode ser aconselhado o uso de terapia de reposição hormonal tópica para seu alívio. O manejo dos demais sintomas, porém, deve ser feito de maneira multidisciplinar (acupuntura, aromaterapia, meditação, realização de atividade física, medicação, entre outros)..

 

Mais sobre câncer de mama: tipos, bloqueio hormonal e mais

Como é o tratamento hormonal para o câncer de mama?

O tratamento do câncer de mama depende das características imunoistoquímicas do tumor. Se ele tiver receptores hormonais de estrogênio e/ou progesterona, a doença pode ser tratada com bloqueio hormonal.

Os receptores hormonais são usados pelo câncer para se “alimentar” dos hormônios femininos. O tratamento hormonal para câncer de mama bloqueia a produção desses hormônios pelo corpo, dificultando a multiplicação e o crescimento do tumor no seio.

 

Quando o câncer de mama é considerado avançado?

O câncer de mama é considerado avançado quando se espalha para outras estruturas do corpo. Enquanto está contido na mama, seu tratamento tem mais chances de sucesso. Ainda no cenário de doença curativa, ele pode se espalhar para os linfonodos, o que geralmente significa que o tratamento precisa ser um pouco mais intenso/agressivo com quimioterapia, cirurgia e radioterapia .

Além disso, células cancerosas também podem viajar pelo corpo, formando tumores secundários chamados de metástases. O câncer de mama metastático é o mais avançado de todos.

Resumidamente, os cânceres de mama de grau 0, 1 e 2 são considerados em estágio inicial, enquanto os de grau 3 e 4 são considerados avançados.

  

Quando devo procurar um médico oncologista?

A suspeita de câncer de mama geralmente é levantada por um médico mastologista, ginecologista ou clínico geral. Isso ocorre após um exame clínico, mamografia de rotina ou queixa da mulher sobre um nódulo no seio. O caso é então avaliado detalhadamente e, caso a suspeita se confirme, é preciso buscar um oncologista.

A oncologia clínica é a especialidade médica focada em câncer. Oncologistas clínicos são responsáveis por avaliar as particularidades de cada caso, encaminhar o paciente para o tratamento e acompanhá-lo ao longo dele. É possível encontrar profissionais da área especializados em vários tipos da doença, como o oncologista especialista em câncer de mama.

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